s. m. 1. Camisolão folgado e comprido usado pelos nagôs, semelhante ao traje nacional da Nigéria (Aurélio). Waldeloir Rego diz: “No Cais do Porto sempre estiveram os mais famosos capoeiras, mas a roupa usual, na sua atividade de trabalho, era calça comum, com bainha arregaçada, pés descalços e camisa tipo abadá, feita de saco de açúcar ou farinha do reino, e nas horas de folga do trabalho, assim se divertiam jogando sua capoeira.” 2. Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte – capoeira, a Abadá-Capoeira, criada em 1988 por mestre Camisa, irmão mais novo do mestre Camisa Roxa (um dos bambas de mestre Bimba). Durante 15 anos, mestre Camisa pertenceu ao grupo Senzala de capoeira, para depois sair e fundar a Abadá-Capoeira.
Abalá
v. Corruptela de abalar (v.) Origem controvertida. José Leite de Vasconcelos (“Etimologias Portuguêsas”, in Revista Lusitana, v.II., p.267), em parecer aceito por José Pedro Machado (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa), propõe o latim hipotético “advalare” (ad vallen), na idéia de “ir para baixo”, e depois, por generalização do significado, “pôr-se em movimento”, etc.
[Do ioruba] s. m. Pequeno bolo de feijão, ralado sem a casca, condimentado e cozinhado em banho-maria envolvido em folhas de bananeira.
Sigla da Associação Brasileira de capoeira Angola, a mais representativa entidade de capoeira Angola da Bahia, que teve efetivada a sua criação por influência de intelectuais e capoeiristas. Funciona hoje no casarão amarelo da Rua Gregório de Mattos, no Centro Histórico de Salvador/BA. Teve como primeiro presidente mestre João Pequeno de Pastinha, e da primeira diretoria faziam parte também os mestres Moraes, Cobrinha Mansa, Jogo de Dentro e Barba Branca….
s. m. Procissão ritual de um candomblé, que durante o Carnaval vai se misturar com a festa popular.
s. m. instrumento de música religiosa, composto de dois sininhos metálicos desiguais, que se bate com uma varinha igualmente de metal.
s. f. 1. Nome de um país africano. José Matias Salgado diz que o nome primitivo era Ndoango, que os portugueses fizeram Dongo ou Ndongo como registra Quintão, traduzido por canoa grande. Na língua bunda esta palavra dongo significa um tipo de embarcação, a canoa, toda construída de um só pau; sendo muito semelhante à figura do reino de Angola, deram-lhe os antigos o nome de Dongo, que parece bem apropriado. O nome atual de Angola foi dado pelos portugueses, pelo fato de os reis ou sobas da região serem chamados Ngola, daí a origem do topônimo Angola. 2. Designa a capoeira chamada Angola, em oposição àquela chamada Regional. 3. Designa um dos toques de berimbau para o jogo de capoeira.
adj. m. Corruptela de angoleiro, derivado de Angola. Designa o jogador da capoeira chamada Angola.
s. m. Pássaro preto do gênero Crotophaga, Linneu. É um pássaro popularíssimo no nordeste do Brasil, que a imaginação popular associa ao negro, de maneira jocosa. Assim, quando um negro tem os lábios muito grossos, diz-se que tem bico de anum. O termo vem do tupi anu, vulto preto, indivíduo negro.
s. f. Golpe contundente do jogo de capoeira. Um dos movimentos giratórios básicos do jogo, no qual o capoeirista gira sobre seu eixo, com uma das pernas estendidas horizontalmente, visando atingir o adversário com o lado externo do pé, nas costelas ou na cabeça.
s. m. É uma cabeçada aplicada no peito ou no abdome do adversário. Deve-se tomar o cuidado de entrar com as mãos cruzadas pouco abaixo da cabeça, para anular a possível joelhada no rosto.
s. m. Quando acossado frontalmente, o capoeirista projeta-se para frente e para baixo, buscando agarrar as pernas do adversário na altura dos calcanhares e, num movimento brusco, puxá-las para cima, enquanto, com a cabeça na altura do abdome do oponente, empurra-o para trás, derrubando-o. É muito perigoso aplicá-lo, porque, se não for bastante rápido, o capoeirista expõe-se a receber uma joelhada no rosto.
s. m. Trata-se do vocábulo Luanda, acompanhado de um a protético, seguido da troca do l pelo r na referida palavra e um ê exclamativo. Daí a composição a+Luanda+ê
s. m. Soco, murro direto aplicado na região inferior do rosto do oponente. Segundo mestre Bola Sete (A capoeira Angola na Bahia, Pallas, Rio de Janeiro, 1997), é golpe introduzido por mestre Bimba, e que, como é o caso da cintura desprezada, dos balões e das gravatas, fazia parte das seqüências criadas pelo mestre, mas só era aplicado nos treinamentos realizados no C.C.F.R. e pelos demais praticantes da capoeira regional entre si, em suas respectivas Academias e jamais utilizados no jogo contra capoeiristas de outras escolas, que não utilizassem o método de Bimba.
s. m. Movimento básico do jogo de capoeira, utilizado como fuga e deslocamento. Projetando-se lateralmente, o capoeirista leva as mãos ao chão (uma, depois a outra) apoiando-se nelas enquanto eleva as pernas, como se “plantasse uma bananeira”, completando o giro e voltando à posição inicial, de pé.
Segundo Waldeloir Rego, mestre Canjiquinha (Washington Bruno da Silva) usava um toque chamado de “Aviso”, que seu mestre Aberrê dizia ser tocado por um observador, um tocador que ficava num oiteiro, vigiando a presença do senhor de engenho, capitão do mato ou a polícia. Tão logo era sentida a presença de um deles, os capoeiristas eram avisados por meio desse toque. Em nossos dias, o comum a todos os capoeiras é o toque chamado “Cavalaria”, usado para denunciar a presença da polícia montada, do conhecido Esquadrão de Cavalaria, cuja grande atuação na Bahia ocorreu no tempo do chefe de polícia chamado Pedrito (Pedro de Azevedo Gordilho), que perseguia candomblés e capoeiristas, passando para o folclore, através da imaginação popular, em cantigas como:
Toca o pandeiro Sacuda o caxixi Anda depressa Qui Pedrito evém aí.
Axé s. m. 1. Cada um dos objetos sagrados do orixá – pedras, ferros, recipientes, etc. – que ficam no peji das casas de candomblé. 2. Alicerce mágico da casa do candomblé. 3. Axé designa em nagô a força invisível, a força mágico-sagrada de toda divindade, de todo ser animado, de todas as coisas. Corresponde, grosso modo, à noção tão cara aos antropólogos, de mana. É a força sagrada, divina, que todavia não pode existir fora dos objetos concretos em que se encontra, de tal modo que a erva que cura é axé, e que o alimento dos sacrifícios é também axé.
s. f. Nome com que se designa um acidente geográfico e um Estado da federação do Brasil. O acidente geográfico é a Bahia de Todos os Santos, que recebeu esse nome de seu descobridor, o Capitão-mor Cristóvão Jacques, que, encontrando-se diante de uma larga e ampla enseada, denominou-a baía. Como a descoberta foi no dia 1o. de novembro de 1526, dia em que a Igreja festeja todos os santos, então o acidente passou a se chamar Bahia de Todos os Santos, estendendo-se a denominação ao Estado da federação.
[Do quimbundo mbamba.] s. m. 1. Valentão. O exímio capoeirista. 2. Pessoa que é autoridade em determinado assunto.
s. f. Movimento pelo qual o capoeirista se movimenta de cabeça para baixo, equilibrando-se sobre as mãos.
s. f. Golpe desequilibrante, proveniente do batuque (ver o verbete abaixo), introduzido na capoeira por Mestre Bimba. Há vários tipos de bandas: de frente, de costas, cruzada, traçada.
[Do cafre ba-ntu, homem, pessoa] s. m. Indivíduo dos bantos, povo negro da África Central ao qual pertenciam, entre outros, os negros escravos chamados no Brasil angolas, cabindas, benguelas, congos, moçambiques. Banto é família lingüística e não etnográfica ou antropológica. Inclui duzentas e setenta e quatro línguas e dialetos aparentados.
Banzo s. m. Nostalgia mortal dos negros da África: “Uma moléstia estranha, que é a saudade da pátria, uma espécie de loucura nostálgica ou suicídio forçado, o banzo, dizima-os pela inanição e fastio, ou os torna apáticos e idiotas.” (João Ribeiro, História do Brasil, p.207
[Do nagô] s. m. É uma qualidade de Exu, deus nagô, mensageiro entre os demais deuses e os humanos. Etnograficamente falando, Bará é chamado todo Exu de caráter pessoal ou privado. Assim, cada deus tem o seu Exu ou escravo, como também se diz, de caráter privado, que se chama Bará, daí ouvir-se falar em Bará de Oxossi, Bará de Oxalá, Bará de Ogum e assim por diante. O mesmo acontece com o eledá (Deus guardião da pessoa) de cada indivíduo, que também tem o seu Bará. Todo Bará leva um nome que o distingue dos demais e se identifica com seu dono.
Arvore de grande porte. É termo tupi de ybiráuna, a madeira preta.
s. m. 1. O mesmo que barlavento. Termo de origem ainda incerta. É termo náutico já registrado pelo Barão de Angra, com o significado de “lado donde sopra o vento”. 2. Designa também o ato de uma pessoa perder o equilíbrio do corpo, como se sentisse uma ligeira tontura. 3. Nome que se dá a um toque litúrgico, nos candomblés de nação Angola, assim como aos cambaleios que dá qualquer pessoa antes de ser totalmente possuída pelo orixá dono de sua cabeça.
s. m. 1. Designação comum às danças negras acompanhadas por instrumentos de percussão. 2. luta popular, de origem africana, também chamada de batuque-boi; muito praticada nos municípios de Cachoeira e de Santo Amaro, e na capital da Bahia. A tradição indica o batuque-boi como de procedência banto. Diz Édison Carneiro (Negros Bantos): “A luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez. Estes, dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Havia golpes interessantíssimos, como a encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda como o baú, quando as duas coxas do atacante davam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar em pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido, irremediavelmente, a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, isto é, equilibrados numa única perna, a outra no ar, tentando voltar à posição primitiva”.
Bênção s. f. Golpe contundente, ou apenas desequilibrante, do jogo de capoeira. Um dos movimentos básicos, em que o capoeirista aplica um chute com a planta do pé na altura do plexo solar do adversário
(topônimo) s. m. Corruptela de banguela ou banguelo. Pessoa sem dentes; sem os incisivos. Encontra-se o vocábulo em algumas “cantigas de escárnio”. Ex:
“Acho ser coragem sua Me convidar pra martelo, Que eu não respeito outro homem Quanto mais um amarelo, Que, além de amarelo, é torto É, além de torto, é banguelo.”
O costume de limar os dentes, por motivos estéticos ou religiosos, é encontrado em lugares diversos. O vocábulo interessa à etnologia brasileira por estar ligado com uma fonte exportadora de escravos em Angola. Os negros banguelas ou ganguelas, liumbas, loenas cortam os dentes.
s. m. 1. Corruptela de besouro. A maioria dos lingüistas considera desconhecida a origem do termo. Designação comum aos insetos coleópteros. 2. Na capoeira, geralmente é nome próprio personativo, designando o capoeirista Manuel Henrique, conhecido como Besouro Cordão de Ouro, ou Besouro Mangangá, um dos heróis míticos da capoeira.
s. f. É a madeira mais comumente usada para se confeccionar a verga do berimbau.
Boca-de-calça s. f. Golpe desequilibrante do jogo de capoeira. O capoeirista, aproveitando-se de um descuido do adversário, segura-lhe a bainha das calças ou mesmo as pernas na altura dos calcanhares, puxando-o em sua direção, para derrubá-lo para trás.
(gíria antiga, transcrita em 1886 por Plácido de Abreu) v. Gritar o nome da província ou casa a que pertence o capoeira; no século XIX, no Rio de Janeiro, os capoeiras dividiam-se em maltas, cada uma dominando uma freguesia (ou província), e se enfrentavam amiúde.
s. m. Corruptela de Bevenuto. Nome próprio personativo, do italiano benvenuto, bem-vindo.
s. m. Uma das denominações do berimbau, registrada por Fernando Ortiz, que tem trabalhos extraordinários sobre a etnografia afro-cubana. Ortiz fornece-nos uma informação valiosa: a do uso do berimbau nas práticas religiosas afro-cubanas, coisa que não se tem notícia de outrora se fazer no Brasil, e nem tampouco em nossos dias, a não ser nas práticas religiosas de após o último Concílio Ecumênico, com o surgimento de missas regionais, como a conhecida pelo nome de Missa do Morro e outras, onde o berimbau, juntamente com outros instrumentos africanos, tem papel importante. (Veja mais sobre o berimbau em Instrumentos.
Corruptela de Ka wo ká biyè sì, expressão com que os povos nagôs saúdam Xangô, deus do fogo e do trovão e que, segundo Johnson, foi o quarto rei lendário de Oyó, capital dos povos iorubás.
s. f. (Cucurbita lagenaria, Linneu) É uma planta rampante. De uso múltiplo e secular entre os utensílios domésticos, herdados da indiaria. Usa-se na construção do berimbau: numa de suas extremidades, amarra-se uma cabaça, e esta, quanto mais seca estiver, melhor. Faz-se na cabaça uma abertura na parte que se liga com o caule e, na parte inferior, dois furinhos por onde passará o cordão que vai ligá-la ao arco de madeira e ao fio de aço.Cabecêro
s. m. Corruptela de cabeceiro, derivado de cabeça, do latim capitiu. Cabeceiro designa o capoeira que usa, com freqüência, golpes com a cabeça.Cabôco
s. m. Corruptela de caboclo, de origem ainda controversa. Significa o nascido de pai indígena e mãe africana e, de um modo geral, designa o indígena do Brasil e da América.
Além de ser designativo de um animal, é também o do mulato escuro e do indivíduo agressivo e de mau caráter. Esse tipo de gente sempre inquietou a segurança pública.
Calunga s. f. 1. Divindade secundária do culto banto. Deusa do mar e também dos cemitérios (Angola); 2. O fetiche dessa divindade; 3. Boneca levada na procissão dos MaracatuCamará
s. m. Corruptela de camarada, do espanhol, “grupo de soldados que duermen y comen juntos” e este do latim vulgar cammara. No linguajar da capoeira, aparece com a acepção pura e simples de companheiro.
s. m. Designa uma qualidade de peixe pequeno, que vive em água doce. Teodoro Sampaio deriva de caabo-oatá, o que anda pelo mato. Não obstante ser popular a forma camboatá, há as alterações cambotá, camuatá e tamoatá.
Camunjerê Termo desconhecido na sua origem e na sua acepção
s. m. Termo de origem ainda desconhecida. Designa a religião que os africanos trouxeram para o Brasil. Sua maior área de expansão é na Bahia e é designação mais específica da religião dos povos nagôs. Existiu no Brasil uma dança chamada candombe, muito comum nos países da região do Prata. Como quase todos os folguedos dos negros, essa dança esteve sempre na mira policial. Os candombes eram feitos em casa, em recinto fechado, não obstante saírem às ruas nos dias propícios. Era um folguedo profano, com interligações religiosas com o candomblé, como é o afoxé.Capitão-do-mato
s. m. Bras. Indivíduo que se dedicava à captura dos escravos fugidos. “Capitães-do-mato, assim se chamavam os caçadores de negros, aos quais a lei em regulamentos especiais concedia poderes discricionários contra aquelas miseráveis criaturas que fugiam ao jugo da escravidão.” (João Ribeiro, História do Brasil.)
Casa-Grande s. f. Construção que servia de habitação aos senhores de engenho, no Brasil colonial. Caracterizava-se por grossas paredes de taipa ou de pedra e cal, coberta de palha ou de telha-vã, alpendre na frente e dos lados, telhados caídos num máximo de proteção contra o sol forte e as chuvas tropicais. Completada pela senzala, a casa-grande representa todo um sistema econômico, social, político: de produção (a monocultura latifundiária); de trabalho (a escravidão); de transporte (o carro de boi, o bangüê, a rede, o cavalo); de religião (o catolicismo de família, com capelão subordinado ao pater familias, culto dos mortos, etc.); de vida sexual e de família (o patriarcalismo polígamo); de higiene do corpo e da casa (o “tigre”, a touceira de bananeira, o banho de rio, o banho de gamela, o banho de assento, o lava-pés); de política (o compadrismo). Foi ainda fortaleza, banco, cemitério, hospedaria, escola, santa casa de misericórdia amparando os velhos e as viúvas, recolhendo órfão
expressão cunhada por mestre Suassuna para designar o agarramento no jogo da capoeira, a imobilização do adversário, prática totalmente contrária às regras e ao espírito da capoeira, apesar de muito utilizada hoje em dia, nestes tempos de desfiguração da arte/luta.Cativo adj. Que não goza de liberdade; escravo
O temido Major Vidigal instituiu uma seção de torturas para os capoeiristas, ironicamente chamada “Ceia dos Camarões”. Curiosamente, Vidigal também era um capoeirista habilidoso.
s. f. Um dos rituais da capoeira tradicional. As chamadas, também conhecidas como “passagens”, erroneamente interpretadas como simples momentos de descanso durante o jogo, constituem um momento de extremo perigo; fazem parte dos rituais da capoeira tradicional, e visam a despertar a malícia dos seus praticantes. Quando for chamado, aproxime-se com bastante cautela, pois, dentro das normas da capoeiragem, o capoeirista que chama poderá aplicar o golpe que desejar, caso o outro aproxime-se sem o devido cuidado.
Chibata s. f. 1. Vara delgada para fustigar; junco. 2. P. ext., chicote: cordel entrançado ou correia de couro, ligada ou não a um cabo de madeira, ordinariamente para castigar animais (ou escravos…) 3. Bras. capoeira: Golpe traumatizante em que o capoeira, aproveitando-se de eventual posição abaixada do parceiro de jogo, apóia-se no chão com uma das mãos (como se fosse para um “pião-de-mão”) e projeta todo o corpo por cima dos ombros; uma das pernas estará flexionada, e fará o apoio com a planta do pé no chão, quando o giro se completar; a outra, esticada, descerá qual chibatada sobre o corpo do oponente: ele, lá, que se cuide! Obs.: O texto correspondente no Novo Dicionário Aurélio, referente ao significado do termo chibata na capoeira, é-nos, quase incompreensível; mestre Aurélio descreve talvez uma seqüência em que o capoeira tenta aplicar uma rasteira (em pé), erra o alvo, gira e se lança na chibata.
Voz onomatopaica emitida pelos galos.
Descreve um ato de traição do qual uma atitude surpresa foi aplicada num momento inesperado de forma ilegítima a situação no momento.
s. m. Planta da família das palmáceas (Elaesis guineensis, Linneu). Foi trazido para o Brasil pelos negros africanos, sem contudo se poder precisar a data exata. O fruto é o fetiche do orixá Ifá nos candomblés da Bahia, desvendando o futuro. O azeite é indispensável na culinária afro-brasileira. Dendê é pitéu, gostosidade, ou coisa boa, apreciável.
s. m. Moeda grande, antiga, de 40 réis, que os capoeiristas usavam para tocar o berimbau. O nome aplicou-se, por extensão, aos seixos arredondados ou às arruelas usados para o mesmo fim.
s. f. Instrumento perfuro-cortante, “arma branca” que portavam alguns capoeiristas nos embates de rua. Designa também um golpe, a cotovelada.
Frevo s. m. Dança de rua e de salão, é a grande alucinação do carnaval pernambucano. O passo, que é a movimentação do frevo, é filho da capoeira; como nos conta Edison Carneiro (Cadernos de Folclore, 1971), “a hora final chegou para as maltas do Recife mais ou menos em 1912, coincidindo com o nascimento do frevo, legado da capoeira (melhor diria ‘o passo’, que é a dança; o frevo é a música que o acompanha). As bandas rivais do Quarto (4o. Batalhão) e da Espanha (Guarda Nacional) desfilavam no carnaval pernambucano protegidas pela agilidade, pela valentia, pelos cacetes e pelas facas dos façanhudos capoeiras que aos saracoteios desafiavam os inimigos: ‘Cresceu, caiu, partiu, morreu!’ A polícia foi acabando paulatinamente com os moleques de banda de música e com seus líderes, Nicolau do Poço, João de Totó, Jovino dos Coelhos, até neutralizar o maior deles, Nascimento Grande”.
s. m. Espécie de crustáceo da mesma família dos caranguejos (Cardisona guanhumi, Lattreille). Era a denominação de uma das gangues de capoeiras, conhecidas por “maltas”, que infernizavam a vida do Rio de Janeiro no final do século XIX e começo do XX.Gamelêra
s. f. Coruptela de gameleira, árvore da família das moráceas, pertencente ao gênero ficus. Árvore de grande porte, utilizada para fabricação de canoas, vasos e gamelas.
s. m. Corruptela de mangangá, que deriva de mamangaba ou mamangava. 1. Designa as espécies de insetos himenópteros da família dos bombídeos, que representam as grandes abelhas sociais. Constroem ninho no solo entre touceiras de capimGangazumba
“Grande Chefe”, líder negro, chegou ao quilombo de Palmares no tempo da invasão holandesa. Era um africano alto e musculoso. Tinha, provavelmente, temperamento suave e habilidades artísticas – como têm, em geral, os nativos de Allada, nação fundada pelo povo ewe, na Costa dos Escravos. Em 1670, Gangazumba reinava sobre todos os povoados que constituíam Palmares. Juntos, cobriam mais de seis mil quilômetros quadrados: Macaco, na Serra da Barriga (oito mil moradores); Amaro, perto de Serinhaém (cinco mil moradores); Subupira, nas fraldas da Serra da Juçara; Osenga, próximo do Macaco; aquele que mais tarde se chamou Zumbi, nas cercanias de Porto Calvo; Aqualtene, idem; Acotirene, ao norte de Zumbi (parece ter havido dois Acotirenes); Tabocas; Dambrabanga; Andalaquituche, na Serra do Cafuxi; Alto Magano e Curiva, perto da atual cidade pernambucana de Garanhuns; Gongoro; Cucaú; Pedro Caçapava; Guiloange; Una; Catingas; Engana-Colomim… quase trinta mil viventes, no total. Sob o comando de Gangazumba, as aldeias palmarinas haviam se transformado num Estado, com exército, Conselho geral das lideranças, ministros (fâmulos), etc. Gangazumba tratava os ministros de filhos, o ministro da guerra de irmão, os chefes de aldeias (ou mocambos) de sobrinhos, os funcionários e oficiais do exército de netos; as mulheres idosas eram mães.Gereba
Nome próprio. Laudelino Freire e Figueiredo trazem-no com a acepção de indivíduo desajeitado e gingão. Na cantiga, segundo Waldeloir Rego, aparece como apelido de tipos populares. “Quando garoto, conheci um desses tipos com o apelido de Gereba, que a meninada sempre importunava, gritando: Gereba!… Quebra Gereba!…
s. m. Palavra de origem bunda, designa o berimbau, instrumento musical usado na capoeira.
s. f. Nome próprio personativo. De Idalia, “nome de uma cidade da ilha de Chipre, onde havia um templo de Vênus, pelo que os nossos poetas dizem freqüentemente Vênus Idalia. Nos Lusíadas, IX, 25: Idalios amantes”.
Interj. Corruptela de ê! Seu uso é exclusivo nas canções de capoeira. É como o mestre de capoeira chama para si a atenção de todos.
s. f. Nome de uma ilha pertencente ao Estado da Bahia.
adv. Corruptela de embora, que por sua vez deriva da locução em boa hora, que Leite de Vasconcelos acha que não é outra coisa senão resquício da superstição antiqüíssima das horas boas e más, a qual ainda hoje existe no Brasil. Embora, além de funcionar como advérbio, funciona também como conjunção, interjeição e substantivo – como sinônimo de parabéns, felicitações. O oposto a embora (em boa hora), dentro do ponto de vista das superstições, é em hora má, usadíssimo na língua antiga, especialmente em Gil Vicente, sob as variantes eramá, eremá, aramá, ieramá, earamá, e muitieramá.Inducação
s. f. Corruptela de educação, derivado do latim educatione, educação, instrução.
adj. Corruptela de enganador, derivado de enganar, que por sua vez vem do latim tardio ingannare.
v. Corruptela de ensinou, do verbo ensinar, que provém do latim hipotético insignare, que se espalhou por diversas línguas românicas.
s. f. Corruptela de inhuma ou anhuma. [Do tupi ña 'um, 'ave preta', com aglutinação do artigo] 1. Ave anseriforme, da família dos anhimídeos (Anhuma cornuta). mestre Maneca Brandão (“O Canto da Iúna – A Saga de um Capoeira”, Itabuna/BA, 1ª ed.) acrescenta: “símbolo da sagacidade e da matreirice, (…) a ave existe realmente e habita os brejos, charcos, lagoas, etc. O termo “Iúna” é uma corruptela de seu verdadeiro nome: Inhuma ou Anhuma. Ela tem o porte de um peru, com pernas longas e pés de dedos grandes, com dois esporões carpianos em cada asa, além de um longo espinho córneo no alto da cabeça. Sua plumagem é bruno enegrecida e negra. [Sin.: alicorne, anhima, cametau, cauintã, cavitantau, cauintau, inhaúma, inhuma, licorne, unicorne, unicórnio.] 2. Nome dado a um toque de berimbau, muito melodioso, usado no jogo da capoeira. Toque criado por mestre Bimba, para jogo rasteiro, ligado e com balões, usado somente por mestres e contra mestres de capoeira.
Expressa na capoeira um sentido profundo e complexo diferente da tradução literária da palavra dada pelos dicionarios da língua portugesa. Entre varios significados traduz a espressão, a esperteza, a capacidade de esconder as intenções reais de maneira lúdica, uma força oculta que fortalece o capoeirista, um poder de hipnotizar ou destrair o adverssario com tais expressões, cheio de truques e atitudes místicas com misterios que embelezam e tornam o jogo do capoeirista interessante devido as expressões teatricas incorporadas nessa expressão de mandiga.
Descreve a pessoa esperta e experiente com uma certa situação da qual não será mais surpreendida pelas armadilhas por ela proporcionada. Malícioso
O termo Yorubá descreve um número de povos semi-independentes ligados levemente pela geografia, pela língua, pela história e pela religião. Os Yorubás da Nigéria do sudo-este e seus vizinhos de Benin e de Togo somam ao todo quinze milhões. A maioria vive dentro das beiras da correia tropical da floresta mas o restante do poderoso reino de Oyo inclui os grupos que vivem nas franjas das savanas do norte. A evidência arqueologica sugere que os antepassados dos Yorubás podem ter vivido nesta mesma área da África desde épocas pré-históricas. Em meados do século 18, o comércio do escravos para as Américas afetou dramaticamente toda a África ocidental. Os escravos Yorubás recolonizaram-se no Brasil e em Cuba, onde os elementos da cultura Yorubá e a linguagem ainda podem ser encontrados. As cidades e estados tradicionais de Yorubá foram divididos em vinte e cinco complexos, reinos centralizados. Destes, Ile-Ifé é reconhecido universalmente como a cidade mais sênior, mais ritual e mais importante de Yorubá. Acredita-se que a fundação de Ifé data aproximadamente do ano de 850 D.C. Apenas o reino rival de Oyo, ao noroeste de Ifé, foi fundado aproximadamente em 1350 DC. O Oni de Ifé e o Alafin de Oyo são ainda os reis mais respeitados de Yorubá na Nigéria. Outros reinos principais eram Ijeshá e Ekiti ao nordeste; o Shabe, o Ketu, o Egbado, o Ijebu, e o Awori ao sudoeste e o Ondo, o Owo e o Itsekiri ao sudeste. Por séculos, o Yorubá viveu nas cidades grandes, densamente povoadas, onde podiam praticar o comércio especializado que fornecia bens e serviços para a sociedade. A maioria ia ao campo durante partes do ano para colher mercadorias de consumo tais como inhame e mandioca em fazendas familiares. Cada cidade estado mantinha sua própria interpretação da história, das tradições religiosas e do estilo original da arte, contudo todos reconheciam a soberania ritual de Ifé, honravam o santuário dos deuses de Yorubá e procuravam soluções para os problemas da vida diária com os herbalistas de Yorubá e os sacerdotes das divindades. Tais instituições antigas forneciam uma ligação comum da experiência que liga todos os subgrupos de Yorubá.
A religião tradicional de Yorubá é centralizada em torno de um santuário de divindades denominados orishás. Quando uma criança nascia, um sacerdote ou o babalaô eram consultados para determinar que orishá a criança deveria seguir. Os adultos de Yorubá frequentemente honravam diversas destas divindades. De acordo com a tradição, o deus superior, Olorun ou Olodumaré, pediu a Orishalá para descer do céu para criar a primeira terra em Ile-Ifé. Orishalá se atrasou e enviou seu irmão mais novo Oduduwá para realizar a tarefa. Pouco depois, dezesseis outros orishás vieram à terra para criar os seres humanos e viverem na terra com eles. Os descendentes de cada uma destas divindades espalharam a cultura de Yorubá e os princípios religiosos por toda as terras de Yorubá. Respeitar a primacia ritual da cidade sagrada de Ifé legitimiza uma hierarquia real e o santuário básico divino de Yorubá. Algumas divindades são primordiais, oriundas de quando Oduduwá criava a terra e outros são heróis ou heroínas que levaram uma impressão importante aos povos. Divindades podem também ser fenômenos naturais, tais como montanhas, montes e rios que in- fluenciaram a história e as vidas dos povos. Das centenas de deuses adorados pelo Yorubá, os mais populares são Sango (deus do trovão e do relâmpago), Ifá (conhecido também como Orunmila, deus da divindade), Eshu (o mensageiro) e Ogun (deus do fer- ro e da guerra).
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